Idadismo: entenda o preconceito etário e suas implicações na educação e no trabalho

O preconceito etário recebe o nome de idadismo. Embora esse tema ainda ocupe pouco espaço no debate público, seus impactos são profundos e atingem milhões de brasileiros em diferentes contextos sociais.

Em primeiro lugar, o preconceito etário do idadismo se manifesta de forma discreta, presente em piadas, comentários e expressões populares que reforçam estereótipos sobre o envelhecimento. Além disso, surge de maneira aberta e sistemática no mercado de trabalho, onde a exclusão de profissionais mais velhos ainda é frequente, e também nos espaços de poder e nas universidades, ambientes que, muitas vezes, restringem oportunidades e participação para pessoas com mais idade.

O campo educacional e profissional são dois dos cenários mais afetados por essa realidade. A ideia de que pessoas maduras não devem ou não podem estudar, aprender novas habilidades ou iniciar novas carreiras ainda persiste. Consequentemente, isso limita possibilidades e reforça a exclusão social.

Para além do preconceito etário, o idadismo priva a sociedade de experiências e saberes valiosos. Enquanto isso, países que valorizam a diversidade etária colhem resultados positivos em inovação, convivência social e produtividade.

Educação é direito e ferramenta de transformação

A educação não possui prazo de validade e todos têm o direito de aprender e ocupar espaços acadêmicos, independentemente da idade. Além disso, o acesso ao conhecimento desempenha um papel fundamental como instrumento de empoderamento, sobretudo para pessoas com mais de 60 anos.

Por isso, investir na inclusão educacional dessa faixa etária fortalece a participação social e promove maior autonomia. Quando o ambiente universitário se abre para esse público, surgem novas histórias, trocas intergeracionais e a quebra de estereótipos.

A presença de alunos mais experientes nas salas de aula amplia o olhar das instituições e prepara a sociedade para lidar melhor com o envelhecimento populacional.

Mudanças que fazem a diferença

Expressões cotidianas que julgam a idade, como “você é jovem demais” ou “já passou da hora”, reforçam o idadismo e limitam oportunidades. Para superar esse desafio, especialistas apontam a necessidade de mudanças no discurso e nas atitudes, além da identificação e denúncia dessas práticas discriminatórias.

Paralelamente, fomentar a integração intergeracional em espaços familiares, sociais e profissionais torna-se fundamental para promover a inclusão e o respeito mútuo.

O idadismo manifesta-se em três níveis distintos: institucional, dentro das organizações; interpessoal, nas relações entre pessoas; e internalizado, quando o próprio indivíduo absorve o preconceito. Alexandre da Silva, secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, destaca a necessidade urgente de reverter essa cultura.

Segundo ele, quando o idadismo é internalizado e a pessoa acredita que não tem mais capacidade, isso revela falhas das políticas públicas e da sociedade, que, apesar de dispor de recursos para combater o problema, não conseguiram, levando o indivíduo a sentir-se privado de seus direitos e da plena cidadania.

Formação cidadã e políticas sociais

O secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, defende a urgência de construir uma nova cultura em relação ao envelhecimento. Para ele, é indispensável abandonar os estereótipos e respeitar os direitos das pessoas idosas, assegurando o acesso a espaços intergeracionais e a preservação da autonomia.

Apesar de natural, o envelhecimento ainda carrega preconceitos. Globalmente, uma em cada duas pessoas admite atitudes idadistas, situação que compromete a saúde, a dignidade e a cidadania dos mais velhos. Por isso, o debate sobre o tema deve se intensificar, com campanhas, mobilizações e políticas públicas que combatam essa prática e garantam proteção legal.

Para orientar essa mudança, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e organismos internacionais publicaram o Relatório Mundial sobre o Idadismo. O documento dimensiona o problema, revela seus impactos e propõe estratégias de enfrentamento nas esferas legal, educacional, intergeracional e de comunicação.

Integrado à Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), o relatório também apresenta recomendações para prevenir o preconceito e transformar a forma como as sociedades lidam com o avanço da idade. Um dos destaques é a constatação de que as mulheres são as mais prejudicadas, devido à pressão estética e às múltiplas formas de discriminação a que estão expostas.

Junho violeta contra o preconceito do idadismo

Durante o mês de junho, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania conduz a campanha “Respeito a Todas as Fases da Vida”, ação que reforça o combate à violência contra pessoas idosas.

A iniciativa faz referência ao Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho e instituído pela ONU em 2011. Este ano, o foco está no enfrentamento ao idadismo, que afeta de forma silenciosa a rotina e os direitos dessa população.

A campanha também destaca as diferentes formas de violência associadas à idade, como a sobrecarga vivida por mulheres e a perda de autonomia social enfrentada por homens.

Iniciativas que extinguem o preconceito etário do idadismo

Em Aracaju, o Instituto Mariano de Estudos e Inovação (IMEI) atua justamente nesse sentido. Primeira faculdade do Brasil vocacionada para pessoas acima dos 60 anos, a instituição oferece cursos e atividades que valorizam a trajetória de quem decidiu, agora, dar um novo passo na vida acadêmica.

Mais do que uma proposta pedagógica, o IMEI representa uma transformação social. Ao normalizar a presença de estudantes maduros no ambiente universitário, a instituição rompe com o idadismo e amplia oportunidades. Com isso, contribui para uma cidade mais inclusiva, onde a educação cumpre seu papel de garantir direitos e estimular a participação plena de todas as gerações.

Se você mora em Aracaju ou região, vale a pena conhecer o IMEI. A instituição oferece uma proposta única no país e abre portas para quem acredita que nunca é tarde para aprender e transformar a própria história.

Agende sua visita e descubra novas possibilidades!

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